domingo, 27 de abril de 2008

Trigo Limpo Teatro Acert 30 Anos de Pesquisa, Produção e Animação Teatral

Desde a sua formação, em 1976, tem vindo a afirmar-se como uma companhia teatral apostada na descoberta de intercepções entre as distintas linguagens artísticas e do espectáculo, como forma de potenciar uma intervenção teatral experimental, consequente, criativa e socialmente integrada numa intervenção cultural comunitária.De 1976 a 1979 percorre instalações provisórias, vindo a instalar-se, enquanto organização promotora da ACERT, num espaço exíguo. Só em 1984, pela adaptação de um antigo hospital, conquista o seu primeiro espaço de apresentação e infra-estruturas básicas de produção, passando a actuar com mais estabilidade e a exercer uma função fortemente dinamizadora na região, pela criação de redes de circulação de espectáculos, produção e formação artística, sendo considerado um dos pólos de descentralização independentes mais significativos no Centro do país. Em 1987, resultado da implantação e evolução do seu projecto teatral, cria uma estrutura mais efectiva que, sem apoio oficial regular, consegue fixar um núcleo artístico base que suporta os custos de montagem com uma actividade pluridisciplinar na área do apoio à produção e formação. Os espectáculos "Silka", adaptado a partir do conto de Ilse Losa, e "Os Cavaleiros" de Aristófanes (1989/90) marcam uma viragem significativa no projecto pela consolidação artística do TRIGO LIMPO teatro ACERT, enquanto companhia com mais de 70 apresentações/ano em todo o país e participação em Festivais de Teatro no estrangeiro. Só em 1992 o TRIGO LIMPO teatro ACERT recebe o primeiro apoio pontual da Secretaria de Estado da Cultura, permitindo-lhe ampliar o seu universo criação e resposta artísticas. No entanto, a temporada de 1993 constitui o marco de estabilização do projecto pelo apoio regular que passou a ser concedido à Companhia. Desde esse ano, o TRIGO LIMPO teatro ACERT vem estreando uma média de três produções teatrais por temporada, promovendo permanentemente diferenciada prática de dinamização teatral na região, país e estrangeiro.O TRIGO LIMPO teatro ACERT, para além da apresentação de textos dramáticos de autor, estreou mais de uma dezena de textos teatrais próprios, incidindo a maior parte deles na adaptação teatral de textos de autores contemporâneos (Herman Hesse, Ilse Losa, Isabel Allende, José GomesFerreira, Lobo Antunes, Mia Couto, Santos Fernando, entre outros), para além de originais criados especificamente para a Companhia. A itinerância assume um dos eixos que caracterizam a dinâmica da Companhia correspondendo a mais de 70% do total da actividade, possibilitando-lhe a criação de novos públicos, uma proximidade com as distintas realidades culturais e o estabelecimento de circuitos de descentralização. Para além dos seus espectáculos, o Trigo Limpo teatro ACERT amplia o seu exercício de difusão à promoção de redes de circulação de espectáculos de outros grupos nacionais e internacionais em outros pontos do pais onde desenvolve actividade.Além das participações em Festivais no estrangeiro, a promoção de projectos de intercâmbio tem alcançado particular notoriedade na actuação internacional do Trigo Limpo teatro Acert, destacando-se as acções desenvolvidas em Moçambique, Brasil e Galiza, onde a Companhia tem coordenado amplos programas em parceria com grupos e criadores de todo o Mundo.A formação teatral desempenha uma componente contínua do trabalho, sendo dinamizados planos formativos nas distintas áreas do espectáculo que decorrem, ora no espaço próprio da Companhia, ora junto de outras organizações que os solicitam.O Festival Internacional (FINTA), promovido anualmente pela Companhia, tem-se implantado pela atenção que é dada às distintas abordagens do espectáculo teatral, pela multiplicidade de projectos nacionais e internacionais que divulga e, fundamentalmente, pela identidade com que proporciona ao público vivências experimentais de participação e fruição. Para além do FINTA, a Companhia promove o FINTINHA - Festival de Teatro para a Infância, para além de um conjunto de acções teatrais diversificadas criativamente em articulação com organizações públicas e privadas ligadas à educação e ao desenvolvimento regional (animações de rua e de espaços não convencionais, exposições, conferências, animações teatrais temáticas, edições...). O teatro de rua assume um campo experimental a que tem sido dado determinante relevo, assumindo as produções realizadas investimentos criativos caracterizadores da actividade da Companhia (Faldum, AuGaciar, Judas, máquina de cena "Memoriar", criada para a Expo 98 e Hannover 2000, Ser Pró - Coimbra). Esta componente de actuação teatral tem também favorecido a formação técnica de especialistas nas áreas de produção, som, luz, pirotecnia, cenografia - montagem de máquinas de cena e estruturas teatrais.As características singulares do espaço (Novo Ciclo ACERT), onde o TRIGO LIMPO desenvolve a sua acção, oferece, condições optimizadas para o prosseguimento da acção da Companhia, uma vez que dispõe de três auditórios (116, 276 e 470 lugares); galeria de exposições; restaurante; oficinas técnicas; loja cultural; estúdio de gravação áudio e vídeo; salas de formação e salas de produção e atendimento. Ao oferecer uma programação cultural regular nas várias áreas do espectáculo, representa um forte pólo cultural de fixação de público e um importante ponto da rede de circulação de espectáculos de outros grupos e criadores nacionais e internacionais. Enquanto Centro de Recursos Culturais, o espaço recebe Companhias e produções, que nele se instalam em período de pré-produção. A dinamização regular deste espaço, resultante de uma prática reflexiva e criteriosa, requerem a fixação de uma equipa técnica e de produção permanente que potencialize e exercite o desenvolvimento de novas etapas criativas para a Companhia. Toda a dinâmica assenta num investimento artístico gerador de práticas que permitam, por um lado salvaguardar uma actuação de itinerância do projecto, e pelo outro numa estreita conjugação de sinergias que favoreçam o desenvolvimento de novas respostas operativas dinamizadoras do Novo Ciclo ACERT e, consequentemente da criação de públicos e de exercícios de cidadania adequados de ligação entre a prática artística e a comunidade.

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