quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Diário de Atenas

A morte do jovem grego Alexis Grigoropoulos fez rebentar na Grécia uma gigantesca onda de protestos nas faculdades e ruas de Atenas e outras cidades gregas. Desde o primeiro momento que muito se tem escrito sobre a origem destes protestos, mas este foi o rebentar de uma geração que já não se revê nas políticas apontam para uma hipoteca do futuro de todos os jovens. O bloquista José Soeiro esteve de visita ao epicentro da revolta grega e escreve um diário acerca do que se passa por lá. Lê o diario que relata a realidade que a imprensa teima em não mostra:
7 Janeiro, 8 Janeiro, 9 Janeiro, 10 Janeiro, 11 Janeiro, 12 Janeiro

domingo, 11 de janeiro de 2009

Dispensar concurso nas empreitadas até 5 milhões é "chocante", diz Louçã

Francisco Louçã apelou este sábado ao governo para retirar a proposta para as autarquias serem dispensadas de promover concursos públicos para obras até 5 milhões de euros. O Bloco defende também que Sócrates deve desistir do novo regime de gestão dos bens públicos.
"Fazemos um apelo directo ao Governo para que retire estas propostas inaceitáveis, escandalosas e erradas", afirmou Francisco Louçã, em conferência de imprensa na sede do partido.A proposta de Sócrates permite às Câmaras Municipais fazer a adjudicação de empreitadas até 5 milhões de euros sem recurso a concurso público. Para o Bloco, esta é "a mais eleitoralista do Governo", e atropela "as mais elementares normas de controlo de gestão dos recursos públicos"."Esta decisão implica que a administração pública vai passar a comprar mais caro e com menos qualidade", afirmou o coordenador da Comissão Política do Bloco, prevendo que as mais de trezentas autarquias do país vão poder fazer "acordos com empreiteiros", sem o "controle público e a verificalidade" que permitem os concursos públicos e abrindo caminho ao "compadrio e ao abuso".Louçã disse ainda que o PS "abre a caixa de Pandora do desperdício público e abre caminho ao aumento da corrupção, nepotismo e tráfico de influência" e rejeitou a justificação do governo com a demora dos concursos públicos para a aprovação desta norma, salientando que hoje em dia é possível fazer um concurso público em três semanas.O dirigente bloquista falou ainda do novo regime proposto para a gestão dos bens públicos, considerando "sinistra" a ideia que a própria lei define que se deve encontrar "o equilíbrio entre protecção e rentabilização". "Percebe-se facilmente o que um ministro da Cultura com maior apetência para o negócio poderia fazer com a Torre de Belém ou o Mosteiro dos Jerónimos". "Não queremos aceitar, não queremos o Mosteiro dos Jerónimos transformado em 'stand' de automóveis", sublinhou Louçã."O Bloco de Esquerda entende que o Governo não tem condições para apresentar estas duas leis, devendo desistir imediatamente da sua aprovação e concentrar-se em resolver os verdadeiros problemas que afectam o país em vez de andar a perder tempo a inventar falsos problemas", conclui o comunicado distribuído na conferência de imprensa.

"As pessoas habituaram-se ao medo", constatou Miguel Portas em Gaza


Uma delegação do Parlamento europeu da qual fez parte o deputado português Miguel Portas, do Bloco de Esquerda, conseguiu entrar durante hora e meia em Gaza, no período de trégua deste domingo, e constatou a situação humanitária desesperante que se vive no território, e que Israel não respeita nem a própria trégua. "Quatro bombas caíram perto de onde estávamos durante a trégua, uma das quais a menos de 500 metros", disse ao Esquerda.net, por telefone, Miguel Portas.
Os deputados europeus visitaram um dos centros da ONU que acolhe mais de 1200 mulheres e crianças - muitas das quais ficaram sem família devido aos bombardeamentos - em Arafat, no sul de Gaza. "Foi impressionante a festa com que nos receberam, até porque fomos praticamente os primeiros a furar o bloqueio e chegar até eles", relatou Miguel Portas, que ficou impressionado pela forma como os palestinianos reagem à queda das bombas - duas delas explodiram durante a visita ao centro de acolhimento: "Era como se não tivesse acontecido nada. Aquelas pessoas habituaram-se às bombas. É como se tivessem perdido o medo por se terem habituado a ele."
Nas ruas, durante a trégua, Miguel Portas observou que há bastante movimento, as pessoas saem à procura de comida ou para visitar familiares, mas há pouco ou nada para comprar: o eurodeputado do Bloco viu uma ou duas lojas a vender xampôs e sabonetes, e uma loja de verduras. "As pessoas aqui vivem da ajuda das organizações humanitárias da agência da ONU para os refugiados (UNRWA): recebem uma caixa com quatro latas e um pouco de farinha", observou Miguel Portas.
Um representante da UNRWA explicou a Miguel Portas como a versão de Israel de que as escolas de refúgio da ONU estão a ser usadas pelo Hamas para guardar armas é absurda: "Nunca as mães trariam os seus filhos para cá, como é óbvio."
O deputado europeu do Bloco também verificou a situação dramática dos centros hospitalares, onde já se fazem cirurgias sem anestesia: "Felizmente há alguns casos mais graves que estão a ser evacuados para hospitais egípcios".
A delegação do Parlamento europeu esperou mais de uma hora na fronteira de Rafah até que a UNRWA os conduzisse para o interior de Gaza, onde estiveram em Rafah e Arafat. "Os israelitas recusavam-se a responsabilizar-se pela nossa segurança, até no período de trégua. Foi necessária muita pressão da ONU para que finalmente a permissão fosse dada."
Além de Miguel Portas, participam nesta visita Luísa Morgantini (Itália), Helene Flautre (França), David Hammerstein (Espanha), Kyriacos Triantaphylides (Chipre), Feleknas Uca (Alemanha), Graham Davies (Reino Unido) e Verónique de Keyser (Bélgica