quarta-feira, 24 de outubro de 2007

Esquerda Europeia em Lisboa contra o Tratado

No comício de sexta à noite, os dirigentes do Partido da Esquerda Europeia disseram-se "impressionados" com a mobilização dos trabalhadores portugueses e reafirmaram a oposição ao Tratado aprovado pelos governos na cimeira da UE. "A Europa não pode ser raptada pelos seus próprios governantes", disse Miguel Portas, que reafirmou a defesa do referendo ao Tratado, uma promessa que Sócrates ameaça deixar cair. O eurodeputado do Bloco referiu aos cerca de 200 participantes que os dois pontos essenciais que unem os 29 partidos que fazem parte do PEE: todos eles enfrentam governos que seguem a política traduzida no Tratado aprovado; e todos acreditam na insuficiência de uma resposta limitada ao nível nacional. Para Miguel Portas, o Tratado "é um programa onde os Bancos Centrais decidem a inflação e esquecem o emprego", tendo sublinhado o facto de a única área onde se prevê o aumento de despesa pública é nas despesas militares. A subordinação à NATO e a falta de afirmação de uma estratégia de Paz no Tratado são outras das razões para uma oposição que não deve ser "nacionalista ou soberanista", na opinião do dirigente do Bloco.A intervenção de Francis Wurz, presidente do grupo parlamentar do GUE/NGL, onde está integrado o Bloco de Esquerda, referiu a manifestação de Lisboa e a greve em França como sinais de resistência aos ataques à economia social, feitos em nome da competitividade. O regresso do Tratado chumbado pelos referendos francês e holandês faz-se "através da manipulação da opinião pública e evitando enfrentar essa opinião pública", concluiu o eurodeputado francês.Graziella Mascia, da Refundação Comunista, lembrou as manifestações em Lisboa e também em Roma como mobilizadoras por uma alternativa europeia e criticou a precariedade capitalista que afecta todos os aspectos da vida quotidiana e que torna impossível a estruturação da vida pessoal e familiar, recordando que "pela primeira vez, os filhos têm piores condições que os pais". Para a dirigente italiana, a lógica mercantilista expressa no Tratado é a que delapida os recursos naturais, desagrega a vida social e desarticula os serviços.Também Lothar Bisky, do Die Linke, e Niklos Hountis do Syhnaspismos, afirmaram a importância do combate da esquerda europeia e do PEE contra o liberalismo e pela democracia, contra a destruição de sistemas de previdência e a flexigurança. No encerramento, Francisco Louçã disse que o Bloco está disposto a apresentar uma moção de censura se não houver referendo em Portugal, ao contrário da promessa de Sócrates expressa no próprio programa de governo. Sobre o Tratado aprovado, Louçã diz que as alterações no número de eurodeputados ou no método das votações "tem pouca relevância". "O que é verdadeiramente importante", disse, é a "consagração das opções liberais", "a norma que obriga os países a aumentar as despesas na Defesa, em armamento", o "desaparecimento da consagração do direito ao trabalho" e a política económica "baseada no controlo da inflação e a livre circulação de capitais". Louçã destacou também o o contraste entre os "líderes europeus que brindavam com champanhe Murganheira 85" na cimeira informal de Lisboa, no Parque das Nações, e a manifestação "que juntou 200 mil cidadãos vítimas do desemprego, da exploração e do abuso". E referiu a próxima etapa da coordenação da esquerda à escala europeia, a realizar no próximo mês em Almada: a Conferência das Esquerdas Anti-Capitalistas.
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