quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

Novos helicópteros assustam na feira semanal

Os treinos dos novos helicópteros Kamov, instalados em Santa Comba Dão, provocaramno dia 16 um “incidente” na feira semanal. A «enorme deslocação de ar» rasgou o toldo de um “camião-restaurante” e os comensais não ganharam para o susto.Seria meio-dia quando tudo aconteceu. Os dois helicópteros russos, Kamov, adquiridos pelo Estado para o combate a incêndios florestais e outras operações de socorro, estavam a efectuar os necessários treinos, no sentido de operacionalizar a sua prestação. Nas proximidades decorria a feira semanal de Santa Comba Dão, que se realiza todas as quartas-feiras (excepção feita para a segunda quarta-feira do mês), com um número significativo de comerciantes e compradores, como de resto é habitual.Manuel Teixeira tinha o seu “camião-restaurante” estacionado no espaço e sob o toldo os clientes dispunham-se para a refeição. «Apanharam um susto enorme», afirma o proprietário do “Restaurante-churrasqueira O Teixeira”, que já há largos anos é presença “obrigatória” no certame. «Por pouco não lhes caíram os ferros em cima», diz o comerciante, residente nas proximidades de Santa Comba, e que percorre as feiras de toda a região levando consigo as mais variadas iguarias, desde o churrasco ao bacalhau, passando pelas febras, vitela ou mesmo feijoada.Manuel Teixeira explica que a força do impacto da passagem do helicóptero «é muito grande» e, com a deslocação do ar, «pois ele passou muito baixo», rasgou o toldo do “avançado” do camião, estragando ainda a estrutura metálica de suporte, bem como o equipamento eléctrico que permite a instalação e recolha do avançado em causa. Trata-se, adianta o feirante, de uma estrutura que está “agarrada” ao camião e que foi arrancada com a força do impacto, rasgando de seguida o toldo.Em causa estão, de acordo com as contas de Manuel Teixeira, «prejuízos na ordem dos 1.600/1.700 euros». O comerciante pensou apresentar queixa à GNR, mas acabou por preferir, primeiro, falar com o presidente da Câmara Municipal de Santa Comba Dão, contacto que pensa fazer só no início da próxima semana, «na segunda ou terça-feira», disse. A sua presença noutras feiras não está impossibilitada, uma vez que, adianta, possui outros toldos e consegue substituí-los, mas teme pela própria estrutura. «Tenho de me remediar», acrescenta.No entender do comerciante, que terá, de resto, sido a única vítima a sofrer o impacto das manobras dos novos helicópteros, o problema prende-se com «a potência» dos Kamov, de origem russa, pois «são muito maiores do que os que existiam anteriormente e muito mais potentes». «Antes nunca nada disto aconteceu», adianta, recordando que a sua presença na feira semanal acontece há muito tempo. O comerciante refere-se ainda ao facto da feira funcionar, há cerca de um ano, num novo espaço, que será mais perto do heliporto onde estão instalados os helicópteros. Todavia, as “culpas” aponta-as todas à “potência” das máquinas, «muito maior que a dos helicópteros anteriores».Sem grandes informações relativamente ao assunto, Manuel Teixeira diz, todavia, que “se fala” no facto de a feira estar instalada no chamado perímetro de segurança do heliporto. Adianta ainda que “se diz” que os próprios pilotos terão alertado para a possibilidade desta proximidade trazer eventuais problemas.Afirma o presidente da Câmara Municipal“Se for necessário mudamos o local da feira”A hipótese “falada” em Santa Comba Dão é, todavia, liminarmente afastada pelo presidente da Câmara Municipal. João Lourenço recorda que a mudança do local da feira se prende com uma deliberação do anterior executivo (PS), que já foi concretizada por esta câmara, há cerca de um ano. «O perímetro de segurança foi respeitado e tomámos todas as precauções necessárias, tendo em conta a proximidade do heliporto e o movimento de descolagem e aterragem dos helicópteros». O autarca refere ainda que no próprio recinto da feira existe um elemento de sinalização, que ajuda os pilotos a orientarem-se nas manobras. João Lourenço, que soube do “incidente” na feira aquando do contacto do Diário de Coimbra, não descura a hipótese aventada pelo comerciante lesado, ao apontar para a maior potência das aeronaves. «Estes helicópteros são muito mais potentes e provavelmente terão provocado um efeito de sucção maior», admite, considerando que esta pode ser a explicação lógica para o que aconteceu por volta do meio-dia de ontem.O autarca de Santa Comba Dão pretende hoje tirar a situação a “limpo” e esclarecer o que aconteceu. «Pode ter havido qualquer erro do piloto», adianta, colocando nova hipótese sobre “a mesa”, ao mesmo tempo que promete esclarecer o que realmente se passou ontem ao final da manhã. «Se for necessário alteramos a localização da feira», adianta desde já, manifestando-se preocupado em garantir a segurança das pessoas e dos seus bens perante os novos desafios colocados pelos novos Kamov instalados em Santa Comba Dão. «O mais importante é que não houve danos pessoais, os danos materiais resolvem-se», remata o autarca, que promete tudo fazer no sentido de evitar que a situação se volte a repetir.
In Diário de Coimbra

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