quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

Mortágua, Santa Comba e Tábua ficam sem urgências nocturnas

Uma ambulância SIV (Suporte Imediato de Vida) vai substituir os SAP nocturnos nos centros de saúde dos três concelhos.

Os concelhos de Mortágua e Santa Comba Dão (distrito de Viseu) e Tábua (distrito de Coimbra) vão deixar de ter urgências nocturnas, entre as 24H00 e as 08H00, nos SAP dos centros de saúde, já a partir do mês de Março de 2008.
Em sua substituição, o Ministério da Saúde vai instalar uma ambulância SIV para transportar os doentes dos três concelhos para os hospitais de Coimbra e Viseu.
Esta é uma opção que está a desagradar aos autarcas e população, ainda por cima quando a ambulância SIV (Suporte Imediato de Vida), que irá funcionar para os três concelhos, conta apenas com um enfermeiro e um tripulante, ao contrário das ambulâncias VMER (Viatura Médica de Emergência e Reanimação), que possuem um médico, um enfermeiro e um tripulante.
O director da Sub-região de Saúde de Viseu confirmou ao DIÁRIO AS BEIRAS que a decisão do encerramento dos SAP nocturnos já está tomada.
José Carlos Almeida refere que em relação ao transporte dos doentes “vai depender”. No caso de Mortágua e Tábua vão para Coimbra e os de Santa Comba Dão para Viseu. Mas cada caso será um caso, que “terá a ver com a menor distância e a referenciação”.
Quanto ao local onde ficará sediada a SIV, “ainda não está decidido, uma vez que poderá ficar em Santa Comba Dão ou Tábua”.
A questão da localização da ambulância também não é pacífica, com os autarcas de Mortágua e Santa Comba Dão a reivindicarem para os seus concelhos a sede da SIV.
Apesar de não concordarem com a decisão do Ministério da Saúde, os autarcas dos três concelhos dizem que tudo fizeram para manter os SAP abertos e criticam a posição intransigente do ministro Correia de Campos.
O presidente da câmara de Santa Comba Dão, em declarações ao DIÁRIO AS BEIRAS, mostra-se descontente com a situação. “A ambulância não vem substituir o SAP no Centro de Saúde e como tal é uma medida de cosmética pura e simples para calar as pessoas, mas não me parece que seja solução”, frisa João Lourenço.
Na sua opinião, “havia outras medidas a tomar relativamente ao custo para manter o SAP aberto e que não passaria pelo encerramento”. Adiantando que “às vezes vai-se pelo mais fácil, mas isto não é o que agrada à população e a serve melhor”.
Recorda que se fizeram abaixo-assinados, manifestações de rua, votação de moções na câmara e assembleia, contactos com o Ministério da Saúde. “Fizemos tudo o que estava ao nosso alcance, como não resultou, aliás como não resultou em mais lado nenhum, a não ser com negociações entre o ministério e as câmaras, que vão dar ao mesmo, ou seja, a que a vontade do ministério seja feita, portanto, só podemos dizer agora é que o ministério tenha algum cuidado na implementação destas medidas”, salienta, acrescentando que o Ministério da Saúde “pode contar com a câmara para auxiliar naquilo que for melhor para a população, mas sempre na perspectiva de que esta não é a melhor solução”.
O autarca defende ainda que a ambulância deverá ficar sediada em Santa Comba Dão.
Por seu lado, o presidente da câmara de Mortágua diz ao DIÁRIO AS BEIRAS que apesar de também não concordar com o encerramento nocturno do SAP, “tal como foi aprovado em Assembleia Municipal”, irá acatar a decisão do Ministério da Saúde, mas desde que o fecho “seja em simultâneo nos concelhos vizinhos”.
Afonso Abrantes deixa também claro que a “questão da localização da ambulância ainda tem que ser discutida”. Lembra que Mortágua “é um concelho com uma grande área e como tal justifica-se aqui a localização da ambulância”.
O autarca refere também que não entende o porquê da junção dos três concelhos. “Não percebo por que Tábua e até Santa Comba Dão, se os nossos doentes vão para Coimbra e os outros vão para Viseu”, sublinha.
Para o presidente do município de Mortágua, esta decisão “só terá a nosso acordo quando tivermos garantias de que as populações do concelho não vão ser prejudicadas”.
Já o presidente da câmara de Tábua refere ao DIÁRIO AS BEIRAS que também não concorda com o fecho do SAP no período nocturno, mas “agora o fundamental é que os tabuenses fiquem com a melhor assistência médica possível”.
Na opinião de Ivo Portela “ainda existe alguma indefinição em relação ao encaminhamento dos doentes do nosso concelho”. O edil mostra-se ainda descontente com o facto de os doentes terem que ir para a nova Unidade Básica de Saúde que será criada em Arganil. “Não estou a ver doentes de uma parte do concelho irem para Arganil, a câmara de maneira nenhuma aprova uma situação destas”, realça.
As dúvidas são muitas para o autarca. “Tudo devia ser bem esclarecido e só depois é que devia ser feito o encerramento do SAP durante a noite”, salienta.

O QUE É UMA SIV?

A ambulância SIV (Suporte Imediato de Vida) dispõe de uma tripulação que é constituída por um enfermeiro e um técnico de ambulância de emergência. Ao nível dos recursos técnicos, a SIV dispõe da carga de uma ambulância de suporte básico de vida (material de avaliação e estabilização, quer nas vertentes de trauma e doença súbita e desfibrilhador automático externo), acrescida de um monitor-desfibrilhador e diversos fármacos, incluindo os necessários para situações de analgesia e trombólise. O equipamento das SIV permite a transmissão de electrocardiograma e sinais vitais.

in asbeirasonline

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