sexta-feira, 21 de novembro de 2008

UNIVERSIDADE EMPRESARIAL DAS BEIRAS É UM NEGÓCIO E NÃO O EMBRIÃO DE QUALQUER UNIVERSIDADE PÚBLICA

1 - A Coordenadora Distrital de Viseu do Bloco de Esquerda considera que o anúncio de qualquer escola empresarial é só por si uma boa notícia, tanto mais quanto é reconhecido pelas próprias associações e confederações patronais o défice de formação da maioria dos gestores e empresários portugueses.
2 - No entanto, quando a AIRV – Associação Empresarial da Região de Viseu, lança uma “Universidade Empresarial das Beiras”, “sem necessidade de recorrer a um único tijolo”, já que funcionaria nas próprias empresas, as quais, por sua vez, participariam na gestão e na definição das prioridades de formação e investigação, e esta iniciativa é anunciada como “a única forma de Viseu poder ter uma universidade de referência", numa alusão à Universidade Pública que os viseenses reclamam desde há muitos anos, o BE de Viseu considera que estamos perante mais uma mistificação e um logro.
3 – Não nos parece sério e curial que se venha anunciar publicamente o projecto de uma parceria público/ privada, envolvendo outras instituições de ensino superior, como o Instituto Politécnico, adiantando até o alegado apoio do ministro do Ensino Superior, sem sequer dar dele prévio conhecimento às instituições visadas. Note-se que o presidente do IPV já revelou que não conhece qualquer estudo que sustente o projecto e que o IPV só tem metade dos 50% de receitas próprias necessárias para a criação de uma fundação.
4 - Viseu já tem ensino superior público, o IPV- Instituto Politécnico de Viseu – e ensino superior privado – o Instituto Piaget e a Universidade Católica, mas o que os viseenses têm vindo a reclamar desde há muito é ensino universitário público. E Viseu só não tem uma Universidade Pública porque os partidos mais votados (PSD, PS e CDS) têm colocado os interesses das instituições privadas de ensino superior à frente dos interesses das populações, daí as propostas mal alinhavadas que consecutivamente foram sendo apresentadas, todas abortadas por mal formação congénita, ao pretender cruzar o ensino superior público com os negócios privados.
5 – Sendo certo que Viseu vê cada vez mais reduzido o espaço vital para a implementação de uma Universidade Pública, com o governo de Sócrates e Mariano Gago a fazer cortes imorais no financiamento das universidades (quando disponibiliza milhões para salvar os banqueiros), o BE Viseu entende que o primeiro passo dos viseenses que continuam a acreditar naquele desiderato será contribuírem para a derrota deste governo e para a eleição de uma maioria de esquerda que invista no ensino público, fortalecendo o Instituto Politécnico de Viseu, de modo a desenvolver todas as suas potencialidades, no sentido da sua evolução natural para o ensino universitário, seguindo os bons exemplos de outros países. A Escola Superior de Saúde poderia, assim, ver-se transformada numa Faculdade de modo a poder incluir o curso de Medicina. tão almejado pelos viseenses e tão cobiçado pelas instituições do ensino superior privado e cooperativo.
Viseu, 20 de Novembro de 2008
O Secretariado da Coordenadora Distrital de Viseu do BLOCO DE ESQUERDA

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