Polícia carrega sobre ecologistas no aeroporto de Heathrow
Já leva uma semana o acampamento de mais de 1000 activistas contra as alterações climáticas, em pleno aeroporto internacional de Heathrow, em Londres. Apesar dos protestos decorrerem de forma pacífica e de a empresa responsável pela gestão do aeroporto ter afirmado que "Heathrow está a funcionar normalmente", isso não impediu a polícia de, ontem à noite, carregar com bastões sobre os manifestantes, provocando seis feridos. Os activistas reivindicam a suspensão dos planos de alargamento do aeroporto, cujo aumento de tráfego contribuirá para aumentar o aquecimento global.
Os manifestantes estão acampados desde há uma semana precisamente na área onde está prevista a construção da nova pista do aeroporto de Heatrow, o mais movimentado da Europa, com cerca de 70 milhões de passageiros por ano. "Não temos nada contra os passageiros. Esta acção visa impedir que os governos e as empresas adoptem decisões inaceitáveis e baseadas apenas na lógica do lucro", afirmou Sophie Stephens, porta-voz dos manifestantes. De facto, os activistas optaram por "acções directas" junto à empresa que gere o aerorporto (BBA) e junto às instalações do Royal Bank of Scotland, que mantém uma parceria com essa empresa, não afectando o funcionamento normal do aeroporto.Os activistas contam com a opinião da generalidade da comunidade científica. Os últimos estudos apontam o sector aéreo como um dos grandes responsáveis pelo aquecimento global e referem que o dióxido de carbono e o vapor de água emitidos a grandes altitudes possuem um poder de aquecimento quatro vezes maior do que quando emitidos ao nível do mar.
O governo britânico comprometeu-se a combater as alterações climáticas por meio da diminuição das emissões de dióxido de carbono. No entanto, continua a alimentar a ampliação do setcor aéreo, que deve duplicar a sua dimensão nos próximos 25 anos.No acampamento em pleno aeroporto de Heathrow o número de manifestantes foi crescendo até chegar aos 1500. Ontem, quando se desencadeava uma acção directa junto à sede da empresa BBA, o aparato policial aumentou e terá ultrapassado mesmo o número de manifestantes (1600 polícias segundo o Guardian).
Seis pessoas ficaram feridas e 14 foram presas, num total de 58 presos desde o início do acampamento. Segundo os manifestantes, a polícia agiu de forma "desproporcionada" e com "brutalidade". "Sempre dissémos que não tínhamos intenção de impedir as pessoas de irem de férias. Fomos pacíficos a todos os níveis. A polícia exagerou na sua reacção e continua a considerar-nos potenciais terroristas", disse um dos activistas.
Outro manifestante relata a agressão que sofreu: "Estava a caminhar com o grupo quando vários polícias de intervenção aproximaram-se, deitaram-me ao chão e pontapearam-me a cara. Não lhes consegui ver a cara porque usavam passa-montanhas e escudos, mas vou de certeza apresentar queixa".Brian Thompson, um professor de 39 anos, relata na primeira pessoa: "Estávamos a correr ao longo da rua quando vários polícias bloquearam-nos. A polícia disse-me para me deitar e como recusei começaram a espancar-nos com os bastões. Levei nos braços e nas pernas, além de duas vezes numa canela, cuja pele se levantou. Acho que preciso de pontos"
www.esquerda.net em 20/08/07
quarta-feira, 22 de agosto de 2007
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